sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Imagem e alguns signicados

A imagem, que vêm do latim imago, significa, acima de tudo, representação. Para alguns teóricos, supressão do presente, forjamento do real, roubo do momento, e para outros a imortalização ou até mesmo o furto da alma do fotografado.

Sempre considerei esse assunto por demais interessante, o qual não tive tempo suficiente aplicado em estudo para chegar a uma teorização embasada e de respeito, mas, aqui vou perfilhar algumas linhas superficiais sobre o assunto.

A morte da imagem já foi apontada com o surgimento da fotografia, julgada e culpada, pela morta da pintura. A imagem já foi dada como morta com o surgimento da TV, em que ficou extremamente e ridiculamente exposta e para alguns, até mesmo banalizada.
Quando estava em um ônibus, no meio da tarde de uma quinta-feira com o Thiago Nobre, conversamos que nada mais que nossos olhos tocam é de fato impactante. Calejados, acostumados com imagens fortes. Na Tv, almoçamos assistindo programas policiais sanguinários; no cinema alguns cineastas passam do limite do necessário só com o intuito de chocar o público, deveras impermeável; e na fotografia, não deixa de ser igual. Quantas vezes vemos clichês, que se vistos a primeira vez são belos, e tocam nossa alma, e depois de certo tempo estão batidos, e se tornam lugar-comum, esteriótipo. Digam-se as fotos de criança e da lua.

No século XIX, tiravam foto de gente morta (chamada de Post Mortem Photos), que parecia estar dormindo como uma maneira de imortalização, beleza ou sinistro? Querer manter um ente querido na sua vida, seja na fotografia, em que se acreditava captar a alma do morto nela, é de fato uma tradição ou só egoísmo? Não há ruptura como a morte, esse é o porquê a morte se torna de tal importância, para o emocional fraquejado das pessoas, uma representação do último momento, e captar esse último momento, para eles talvez fosse o necessário para manter a pessoa ‘viva’. Acho os dois, belo e sinistro.




A imagem ultrapassa o processo de fotografia, a crença na imagem e no seu significado é maior do que o fotografo, a foto e o fotografado em si. A amplitude de tal significado é deveras complexa, para todos. Afinal, o significado modifica-se de acordo com as suas experiências e sua visão.
O que não posso e nem vou deixar de pontuar é que devemos observar melhor, olhar não só enxergar. Vivemos numa inconsequente saturação visual. Não importa o que vemos, nem quando vemos nem quem vemos, estamos estáticos, imóveis, estátuas fartas e saciadas visualmente. Não admito deixar de pedir para você ver, quem sabe, com olhos de quem jamais viu nada ao seu redor, a textura, as cores quentes e frias, as sensações, explorar, por fim, sinestesia.
Belo, sinistro, feio, esteticamente inaceitável, observar tudo ao seu redor, para não deixar nossos olhos domesticados, e sim afiados e deslumbrados com tudo.

Um comentário:

  1. Acho interessante, bom diálogo com os textos do Norval Baitello nessa questão da saturação de imagens e me lembrei de um fotógrafo interessante, Joel-Peter Witkin, que trabalha com cadáveres, sempre questionando a nossa ideia de beleza.

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