Eu sei que essa tecla já foi muito batida e também não quero ser mais uma eco-chata tentando mudar os hábitos das pessoas, mas o fato é que o assunto ambiental tá na boca do povo e merece sempre ser relembrado.
A relação entre Meio Ambiente e Comunicação foi assunto do último debate promovido pela Liga Experimental de Comunicação da UFC, na quinta-feira (22), com Miguel Macêdo, professor da FA7 e coordenador de comunicação da Unilab, Maristela Crispim, editora de reportagem da sessão Gestão Ambiental do Diário do Nordeste e Monyse Ravena, assessora de comunicação da ONG Cáritas. Muito embora a conversa tenha sido superficial e o pouco tempo tenha impossibilitado maior interação dos palestrantes com a platéia (porque, enfim, precisaria de um dia inteiro pras milhões de perguntas que eu queria fazer), foi bom ver que, mesmo poucas, há pessoas interessadas no tema.
Tudo começa com a pergunta: existe Jornalismo Ambiental? E essa é uma resposta de muitas divergências. Alguns dizem que não, e incorporam-no ao Jornalismo Científico. Eu, pelo menos, acho que, sim, ele existe. O Jornalismo Ambiental, de alguma forma, não deixa de ser Jornalismo Científico, mas conquistou tanto espaço que ganhou um nome e tem como papel informar e conscientizar (embora eu não goste dessa palavra) as pessoas sobre o que está sendo feito do nosso espaço e sobre o que nós podemos fazer por ele. Entretanto, como disse Maristela Crispim, as "pautas ambientais" devem transitar por todas as editorias de um jornal, por exemplo, porque a questão ambiental engloba contextos políticos, econômicos e sócio-culturais. O que, infelizmente, é praticamente impossível é o Jornalismo ser sustentável (embora eu também não goste dessa palavra) porque é uma atividade que naturalmente desperdiça recursos e materiais com o gasto de papel, por exemplo, mesmo com a Internet e o desenvolvimento de novas tecnologias, que também têm impactos ainda maiores em sua produção. Mas, enquanto isso, quem tenta ser "verde" é a Publicidade: a jornalista Maristela Crispim citou uma agência holandesa, a Fresh Green Ads, que usa o próprio meio ambiente como plataforma para os seus anúncios. Eles provam que até com areia se pode vender Coca-Cola.
A ONG Cáritas, representada no debate de quinta-feira pela Monyse Ravena, assessora de comunicação, acrescentou à discussão uma outra visão de Jornalismo Ambiental muito além da grande imprensa: a comunicação popular. A Cáritas é uma organização internacional que, aqui no Nordeste, tem como ação maior o trabalho de convivência com o semiárido, que contribui para a melhoria da qualidade de vida de moradores da região através de várias atividades. O foco do trabalho de comunicação dentro desse projeto é construir a identidade do sujeito com o seu espaço, ou seja, do habitante com o semiárido, e tornar isso público. As pessoas aprendem a conviver com as dificuldades climáticas do semiárido, a produzir e a consumir sem prejudicar a natureza, cuidando do que é de todos, e, então, aprendem a comunicar e a mostrar aos outros o seu entendimento sobre questões culturais e ambientais. Um dos resultados disso é "O Candeeiro", um boletim informativo produzido pela própria comunidade.
Outros assuntos também foram abordados no debate, como a "onda de sustentabilidade" que surgiu no séc. XXI depois da divulgação do IPCC e a cobertura atual da grande imprensa. Eu fui embora com a cabeça cheia de perguntas...
Na verdade, antes de tentar definir o que é Jornalismo Ambiental, é preciso fazer as pessoas entenderem o que é viver sem prejudicar a natureza. O assunto não está na moda à toa. Todos nós, de alguma forma, nos preocupamos com isso, talvez porque esteja mais diretamente ligado a nós, porque é o nosso bem-estar. Ser "sustentável" não é só não usar sacolinhas de plástico, não jogar lixo na rua ou economizar água. O importante é cuidar da relação entre seres vivos e natureza. E nós como seres vivos precisamos cuidar do espaço onde nascemos, crescemos e morremos. Ninguém gosta de morar numa casa suja e bagunçada. Cuidemos, então, do espaço coletivo. Não só por "bondade" ou "solidariedade", mas porque podemos existir melhor se pensarmos essa nossa existência. Se lembrarmos, por exemplo, que jogar menos lixo na rua pode diminuir o gasto de dinheiro público com a limpeza e transferir esse dinheiro para investimentos em educação e melhores salários. Ou se soubermos que não somos os únicos a usufruir do espaço que temos disponível e que devemos utilizar tudo com moderação e respeito.
DICAS PRO FIM DE SEMANA
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