sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ao querido Henri,




Henri nasceu em 1908, em algum subúrbio em algum lugar da França. Aos 22 anos, Henri foi à África brincar de caçador, empunhando uma arma, uma Leica[1] milagrosa, pequena, leve. Na II Guerra Mundial, Henri vestiu uma farda e foi à luta, foi capturado e levado a um campo de prisioneiros. Mas, Henri não era desses homens que desistem fácil, tentou fugir três vezes, e na terceira conseguiu, juntou-se a guerrilha da resistência francesa pela liberdade. Henri foi pintor, estudou literatura, mas quando fez as suas primeiras fotografias, optou por fazer arte através delas. Aos 39 anos, fundou uma agência fotográfica, e assim desenvolveu o olhar. 


Viajou, procurando uma expressão do mundo em termos visuais capturados em uma fração de segundo para dar, enfim, ao sensitivo e ao intelectual um significado. Influenciado pelo surrealismo, explorou o significado velado embaixo da epiderme do cotidiano. Quando Henri apertou o click, revelou algo escondido, invisível ou perdido, como o marginal pode transmitir beleza, e como.

Ele trabalhou pra grandes revistas, Life, Vogue, Harper’s Bazaar.  Então, Henri ficou conhecido como o grande Henri Cartier-Bresson, o fotógrafo que congela os momentos decisivos. O homem que faz arte com uma câmera e consegue, por fim, usar a intuição, a técnica e a disciplina a favor da sua imagem. 

Por que, Henri capturava momentos. Em suas mãos, o retrato fotográfico é transparente, incisivo, direto, como se nenhum fotógrafo estivesse entre o olhar do fotografado e o observador. 

Henri tem o poder de furtar a essência do ser com a sua câmera, um mágico que fez a captura do âmago e do sentimos que cada retrato que nos faz acreditar que está ao nosso alcance. Todas as suas fotos são compostas com a simplicidade genial de quem esmaga a realidade, sem fazer barulho, sem exibição. A foto é um tiro certeiro e inesperado.


Marilyn. Linda.
Fotografou Coco Chanel, Gandhi e Marlyn Monroe e diversos anônimos com a mesma curiosidade sem fim e com o mesmo olhar intransigente. 

A fotografia era a arte que conseguia produzir e com a arte de olhar. Para ele, há interrogação em todos os lugares, e nada é conclusivo. Henri era juvenil, mas sábio; mordaz, mas sensível. A fotografia, ele dizia, ser um presente do acaso e devemos tirar proveito do acaso. Ele via, através do visor da máquina fotográfica, as pessoas completamente nuas, sinceras, únicas.



Henri morreu em uma segunda-feira, dizem que já mal se alimentava. Henri confidenciou a um repórter, anos antes, que não tira medo da morte, e sim da dor. Ele morreu dormindo, tinha 95 anos.




[1] Uma câmera pequena, comum na primeira metade do século XX, justamente para passar despercebido, para não perder a fluidez do momento.







Coco Chanel (1964)



Ps.: A primeira foto é um print de um documentário fantástico sobre o nosso Henri, o nome é: Just plain Love, o link é:
Ps2.: as seguintes fotos são do próprio Henri Cartier Bresson.

Quem quiser uma biografia pela Wikipédia aqui está: http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Cartier-Bresson


2 comentários:

  1. As fotos dele são realmente impressionantes.
    E, coincidentemente, ele o primeiro fotógrafo que eu fui atrás de ver o trabalho quando disseram que eu ia ter que ministrar uma oficina de fotografia. Genial!

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  2. genial! e essa foto da coco, lindaaaaa!!!

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