Quem nunca passou por momentos em que se deve impreterivelmente escolher qual caminho seguir? Mesmo sem saber aonde se vai chegar. A vida é isso mesmo, um turbilhão de possibilidades e de escolhas. No entanto, os nossos destinos não nos pertencem por inteiro. Somos influenciados e pressionados a todo o instante pela sociedade, pela família, pelos amigos, pela religião e etc... Todos querem que supramos suas expectativas. Um saco não?
Trainspotting (1996) fala justamente sobre escolhas. A história gira em torno de Mark Renton (Ewan McGregor), seu grupo de amigos desajustados e a sua epopéia pessoal para largar o vício em heroína. Ao contrário do que a sociedade atual elegeu como sonhos máximos de felicidade como ter uma família, obesidade, ter um trabalho, ter um plano dentário e comer porcarias em frente a TV. Esses jovens preferiram o mundo de incertezas, felicidade momentânea, sem responsabilidades, de roubo e de brigas de bar. De uma certa forma autodestrutiva, os personagens tentam se evadir da realidade, pois não querem se adequar a sociedade consumista e hipócrita que é a capitalista (quero deixar bem claro que não sou metido a comunista e nem nada, só falo o que se pode ver todos os dias, é só se querer enxergar).
O filme é dirigido por Danny Boyle, que também dirigiu Extermínio (2002), Quem Quer Ser um Milionário? (2008) e 127 Horas (2011). O que muito me chamou a atenção, fora o roteiro que é muito bem adaptado do livro homônimo de Irvine Welsh, foi o desenrolar super dinâmico do filme, seguindo os fluxos de consciência do personagem. Os ângulos de câmeras também são bem interessantes e experimentais.
Muitos podem achar que o filme faz uma apologia ao uso de drogas, a vagabundagem e tudo o mais. Eu vejo de uma forma diferente. Vejo a mensagem do filme como sendo para que não nos deixemos levar, tomemos as rédeas e façamos o que nos fazem feliz sem querer agradar a sociedade, a família ou quem quer que seja. A vida não é feita de pólos positivos e negativos, bem e mau, cidadão padrão e desajustado, a vida é sempre a busca de um meio termo. Se minha opinião tem alguma serventia, recomendo muito esse filme!
P.s: Trainspotting na gíria escocesa, é uma atividade sem sentido, algo que é uma total perda de tempo.
Trainspotting (1996):
E foi assim que ele entrou nesse blog ;p
ResponderExcluirLembrei que adorei o texto e que eu ainda não assisti esse filme (que droga, hein?). Vou ver se essa semana eu resolvo isso.
O que eu acho mais sensacional nesse filme é a fotografia do Brian Tufano e a montagem do Masahiro Hirakubo, esses dois elementos passam pro espectador um frenesi que parece ser exatamente o que aqueles jovens procuram. Eu encaro esse filme mais como um retrato da juventude escocesa, que busca fugir da morosidade que é a vida já trilhada do jovem num país de 1º mundo, onde tudo já tem data pra acontecer. É um filme espetacular, a obra prima do Danny Boyle.
ResponderExcluirE uma curiosidade: O Irvine Welsh aparece no filme, ele é aquele cara que vende os supositórios de ópio pro Renton.
Tem outro filme sensacional baseado na obra do Irvine, também com o Ewan McGregor, que chama Cova Rasa. VEJÃO!