terça-feira, 27 de setembro de 2011

Romeu e Julieta: a tradição da reinvenção

Lavoisier já dizia "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Me parece que nas artes nada se inventa, nada fica obsoleto, tudo de adapta.
Romeu e Julieta é um ótimo exemplo disso.
Tragédia escrita por William Shakespeare, certo? Errado! História adaptada por Shakespeare.

Romeu e Julieta na famosa cena
da sacada
O enredo dos jovens de famílias rivais que se apaixonam e acabam morrendo por não poder viver esse amor remonta da antiguidade, da história de Príamo e Tisbe, de Ovídio. Algo semelhante também é encontrado n'Os Contos Efésios do século III. Já o nome das famílias, Montecchio e Capuleto, antes foram apresentados na Divina Comédia, de Dante Alighieri, mas há ainda quem diga que as famílias realmente existiram.

Passando por cima de mais uma série de títulos e adaptações - Mariotto e Gianozza e, enfim, Giulietta e Romeo -, chegamos a Matteo Bandello, em 1554, com a nouvelle que chegou às mãos do dramaturgo inglês.

E então, a história que já era famosa, se disseminou pelo mundo.
De conto para livro, de livros para peça, de peças para filme, de filmes para o que se imaginar. E até mais.

Animação Gnomeu e Julieta
Falemos de alguns filmes. O de 1968, a história tradicional chega ao Oscar. A versão de 1996 traz os personagens para o século XX com as falas do século XVI: eles saem de Verona, na Itália, e vão para Verona Beach nos Estados Unidos. Em 2005, vieram para o Brasil transformando a briga de famílias em briga de torcidas. Já em 2010, os jovens italianos viraram gnomos de jardim, com direito até à participação especial de Shakespeare. E ainda vem outro por aí...
Sem falar nos filmes inspirados na obra, ou que apresentam a peça como parte de seu próprio enredo.

Mas a história ainda é teatro, seja na versão shakespeariana, ou inundada experimentação, como um musical que retrata a luta entre duas gangues da favela do Maré no Rio de Janeiro, ou uma história repleta de rock e jeans. Pode vir também com a inserção de elementos da cultura local, como proposto, em 1992, pelo Grupo Galpão de Minas Gerais, e atualmente pelo Grupo Garajal, que além de inserir a cultura cearense, experimentou a utilização da simbologia como a diferenciação dos personagens, representados pelo figurino e encenados por todos os atores.


Hoje Romeu e Julieta é história em quadrinho, ensaio fotográfico, história de vampiro, queijo com goiabada, música e até estúdio publicitário.

Ensaio da Vogue

Marcelo Camelo - Romeu e Julieta by luizacarolina30

Enfim, Romeu e Julieta é reinvenção. É a prova de que algo já bom sempre pode se transformar em outra coisa igualmente interessante. Ou não. Mas ainda assim vale experimentar.

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