sábado, 26 de novembro de 2011

Ode a Solidão.




Ode: s.f. Poema de comprimento médio que, em geral, expressa exaltado louvor.

Solidão: s.f Estado de quem está só, retirado do mundo; isolamento: os encantos da solidão. / Ermo, lugar despovoado e não frequentado pelas pessoas: retirar-se na solidão. / Isolamento moral, interiorização: a solidão do espírito.

Não farei poema ou poesia aqui, mas exaltarei a solidão, como o título já nos remete. Não devem ser poucos os que devem estar pensando, esse cara é um louco, um misantropo, um anti-social, um emo ou algo que o valha. Não que eu não goste da companhia dos meus amigos, muito pelo contrário. Deem-me uma chance de explicar meu modo de ver as coisas, é só o que peço. Depois, como diria o meu amigo Filipe, podem jogar as pedras.

Algumas acontecimentos recentes e umas conversas relaxadas por ai me fizeram pensar sobre a solidão, o ato de se ficar sozinho, sem mais ninguém por perto, ter somente você como companhia. Primeiro foi quando estava conversando sobre o fato de se comer ou ir ao cinema sozinho. Fui um dos poucos, ou o único, que disse que não tinha problema em comer sozinho em lugares onde geralmente se precisa de uma companhia. No entanto, também o único, falei que não gostava de ir ao cinema sozinho, paradigma esse que acabei por quebrar semana passada, depois de muito tempo.

Fui ver, em plena quarta-feira, a primeira sessão do Dragão do Mar o filme O Palhaço do Selton Melo, muito bom, por sinal. Já estava por lá mesmo, tinha ido pesquisar na biblioteca pública Menezes Pimentel, um lugar que devia ser mais frequentado pelas pessoas. Pensei que ia odiar, como acontecera da última vez que tentei. Para a minha própria surpresa, eu adorei ficar sozinho vendo o filme na sala praticamente vazia, ter momentos de esquizofrenia e rir-se comigo mesmo.

O que também me impeliu a refletir sobre o assunto foi ter terminado de ler ontem na madrugada Todos os Nomes do José Saramago. Ainda estou em crise, relevem. Basicamente, é história de um auxiliar de escriturário que trabalha da Conservatória do Registro Geral, um homem muito solitário, sem amigos, família ou qualquer coisa que se aproxime disso. Talvez o que se aproxime mais disso seja o teto da sua casa, no qual diálogos filosóficos e existenciais são travados pelos dois. Um dia encontra o nome de uma mulher por acaso noa registros e começa procurar, beirando a obsessão, toda a sua história de vida. Quer encontrá-la de qualquer maneira. Acaba, sem saber, apaixonado por uma pessoa que nunca trocara nenhuma palavra e nunca vira antes.

A solidão não é tão ruim assim, ela pode ser muito positiva e construtiva. É um momento interessante para descobrir meandros do nosso próprio ser que ainda não havíamos percorrido. Não entendo por que as pessoas evitam tanto de ficarem sozinhas, eu procuro a solidão. Às vezes ela me conforta mais do que a multidão. Muitas pessoas são rodeadas por outras e mesmo assim se sentem sozinhas. Como explicar esse fato? Já eu, mesmo tendo esses acessos de ermitão da montanha de tempos em tempos, nunca me sinto só, porque sei que tenho amigos verdadeiros que não se esquecem de mim, apesar de eu não ser lá essas coisas como amigo.

O que quero dizer é que, aproveitem os seus momentos sozinhos, não fiquem em pânico ou apavorados. Usem esse tempo para se conhecer melhor. Ouçam o inspirar e o expirar de vocês. Falem sozinho também, isso nunca matou ninguém. Permitam-se uma viagem a suas essências, e para isso é preciso de silêncio e um pouco de solidão. Há muito o que se desvelar de nós próprios.

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Aos leitores que deve estar se perguntando: esse cara não é o que escreve besteiras sobre filmes? Sim, ele é mesmo, só que estamos na VIRADINHA, por isso o poste foi diferente. Saiba o que é.


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