Vou mandar a real. Podem jogar as pedras. Nasci aos 15 anos. Era um domingo. Meu pai gostava de me intimidar. Gostava de dizer que iria me colocar para fora de casa se eu não deixasse de ser atrevido e respondão. No fundo eu o amava, e no final acabava sempre o obedecendo e pedindo desculpas por crer que um dia ele poderia deixar de gostar de mim. Um dia ele me pôs para fora de casa e desisti de bater na porta pedindo pra voltar. Fui pra casa de um amigo. Ele me procurou para pedir perdão. Voltei pra casa no final. Não há muitos cantos aonde ir com 15 anos. Depois disso nunca mais senti medo de fazer o que me vinha à cabeça. Por vezes, acabo minha mão dando murro em ponta de faca. Sou, em muitos aspectos, parecido com minhas idéias: difícil, brilhante e às vezes completamente errado. Bem humorado, apaixonado, poético e, por vezes, paranóico. Um mestre em conviver com as próprias contradições: alterno momentos de profunda sabedoria com momentos de pura esclerose. Difícil é descobrir qual é qual. No fim, nunca vou esconder de mim mesmo que as boas ações que estou para fazer podem ser mesmo, no fundo, os atos de um bandido. Tudo que eu queria era ser um escritor genial. Uns amigos dizem que morrerei de sífilis ou cirrose antes dos 40. Mas num dá pra confiar muito em mim não. Insisto tanto em algumas mentiras que acabo acreditando nelas.
FILIPE PELOS OUTROS
Camila: Dá pra sentir que dentro desse meninão bate forte um coração que às vezes até dói. Um coração bom que bota sempre um sorriso largo no rosto dos que estão por perto.
Thiago: Se faz de durão, mas na verdade é um sentimental incorrigível com ares de poeta maldito.
Murilo: Vou jogar a pedra então, Filipe, você não tem planos, e quando os tem geralmente os quebra. O que é o oposto de mim. Odeio não ter planos, e mais ainda quebrá-los, exceto por algo muito bom. Mas o fato é que isso nem sempre me parece um defeito, levando em conta que as melhores coisas podem acontecer sem plano algum. Mas duas coisas são indiscutíveis: é um cara com uma sede de conhecimento invejável e é um ótimo amigo, principalmente por saber escutar e opinar. Sabe levar quase qualquer papo, algo que não é de todos.
Luiza: O Filipe é uma daquelas pessoas que o nome passa a ser um adjetivo. O Filipe é Filipe... Filipe pode significar: loucura, companheirismo, falta de interesse, interesse excessivo, dor de cotovelo, alegria, irritação e disposição. Ele é uma daquelas pessoas que você pode contar a qualquer hora do dia. E, apesar do pouco tempo de convivência, ele já se tornou um amigo muito querido e necessário.
Taís: Nossos corações batem insensatamente a batida dos corações inexplicáveis e inexoráveis. O Filipe tem como esporte favorito o meu: dar murro em ponta de faca. As dores de um momento perdido podem criar um ser humano único. Por que tem horas que só ele entende, e eu já o guardo com um carinho imenso por isso.
Samuel: Vou tentar, resumir aqui o que eu poderia falar em um livro inteiro: um cara que em 6 meses provou que pode ser um amigo pra vida toda. Uma das pessoas mais parecidas comigo e também uma das mais diferentes. Um cara fantástico e companheiro pra todas as horas.